Rio de Janeiro – Computadores
velhos têm destino certo no Complexo do Alemão, zona norte do Rio. Desde junho,
120 alunos da área pacificada, que abriga treze favelas e mais de 80 mil
moradores, estão reaproveitando lixo eletrônico para produzir computadores que
funcionem. As máquinas são doadas a entidades sem fins lucrativos e órgãos
públicos instalados nas comunidades.
O projeto Fábrica Verde é uma
iniciativa do governo estadual para reduzir o volume de resíduos sólidos
descartados e promover a inclusão social de jovens e adultos do Complexo do
Alemão, por meio de cursos de capacitação em montagem e manutenção de
microcomputadores.
Hoje o secretário do Ambiente,
Carlos Minc, esteve no local para lançar a segunda etapa do projeto, que prevê
novas turmas e a contratação dos 11 alunos que apresentarem o melhor desempenho
ao fim dos três meses de curso, com remuneração de um salário mínimo.
“Os computadores velhos têm
cádmio, zinco, cobre. Poluem o meio ambiente. É um problema para as empresas e,
aqui, nós podemos resolver esse problema. Até o fim de 2013, vamos qualificar
720 jovens, além de reaproveitar, pelo menos, 2 mil máquinas, cerca de 80 por
mês”.
Minc informou que serão criados
seis telecentros (com acesso à internet gratuita), equipados com computadores
reciclados. O secretário fez um apelo às empresas para que doem máquinas ao
projeto que, até o momento, já recebeu doações do Instituto Vital Brazil, do
Instituto Estadual do Ambiente e da Justiça do Trabalho.
A coordenadora pedagógica do
projeto, Jussara Carvalho, conhecida como Bizuca pelos alunos e pela comunidade
da Vila Cruzeiro, onde mora, explicou que a fábrica tem múltiplos papéis dentro
do Complexo do Alemão, uma das regiões mais carentes do Rio e que ainda sofre
com a forte influência dos traficantes de drogas, apesar da ocupação da Polícia
Militar e das Forças Armadas.
“Damos aula sobre cidadania e
meio ambiente todas às sextas-feiras. fazemos palestras e cursos com nossos
parceiros. Também falamos sobre doenças sexualmente transmissíveis e orientamos
os jovens a aproveitar o tempo ocioso para não ficar 'de bobeira' na
comunidade”.
Damião Pereira de Jesus, 24 anos,
é aluno do projeto e ajudou a pintar o edifício que abriga a Fábrica Verde.
Além de montar e desmontar computadores, ele e outros alunos aproveitam a
sucata para fazer artesanato, que decora as salas de aula. “Amo trabalhar aqui.
A gente utiliza as peças condenadas para fazer artes plásticas. Este
portarretrato aqui, por exemplo, foi feito com a peça de um gabinete de computador
e pastilhas”, explica o rapaz enquanto apresenta os trabalhos na sala de artes,
cujas paredes foram grafitadas pelos próprios alunos.
Fonte: Exame.com
Um comentário:
Muito boa essa iniciativa, se tivesse outras como essa em comunidades carentes como aqui no RN, talvez a realidade e o futuro de muitos jovens fosse diferente.
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