O grupo Coteminas, um dos maiores no segmento têxtil e de
confecções do país, vai construir um complexo residencial e comercial em São
Gonçalo do Amarante, a 10 km do novo aeroporto do Rio Grande do Norte. O
projeto, que prevê a construção de condomínio residencial para 12 mil pessoas,
shopping center com 300 lojas, hotel com 720 apartamentos, centro comercial, de
convenções, de artesanato e teatro, foi apresentado ontem à governadora Rosalba
Ciarlini e ao prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado. O complexo levará entre
três e quatro anos para ficar pronto, com conclusão da primeira fase prevista
para até a Copa do Mundo de 2014. O grupo pretende investir R$ 1,1 bilhão no
projeto, que também conta com espaço para escola, creche, posto de saúde,
biblioteca e parque ecológico.
Josué Gomes, presidente do grupo, evitou fixar data para
início das obras, mas segundo Hélio Duarte, secretário de Meio Ambiente e
Urbanismo de São Gonçalo, "com o projeto e os estudos em mãos, a obra será
licenciada em até dois meses". Hélio disse não ter dúvidas de que as obras
iniciem ainda em 2012. O complexo, o primeiro construído próximo ao novo
aeroporto, será erguido na área que hoje é ocupada pela fábrica da Coteminas no
município. A companhia continuará sua produção têxtil, mas, gradativamente, vai
transferir a atividade para a fábrica de Macaíba, que será ampliada. Com a
mudança, parte dos funcionários será transferida para a outra unidade. Os
demais deverão ser capacitados, segundo a empresa, para desempenhar funções no
complexo imobiliário.
O complexo deverá gerar cerca de 5 mil empregos diretos na
construção e 6 mil diretos na fase de operação. O grupo está construindo um
semelhante em Minas Gerais.
O desenvolvimento de São Gonçalo - impulsionado pela
construção do novo aeroporto, implantação da zona de processamento de
exportação de Macaíba e construção do terminal marítimo de passageiros -
segundo Gomes, foram determinantes na escolha do local no RN. Foram necessários
12 meses para concluir o projeto, que só recebeu sinal verde após 'estudos de mercado
cuidadosos'. O anúncio do executivo
surpreendeu o governo, que esperava investimento na área têxtil.
Complexo vai
aproveitar trabalhadores da indústria
Durante a apresentação do projeto de construção do complexo
imobiliário, Josué Gomes, presidente da Coteminas, evitou associar a
desativação - mesmo gradual - da fábrica têxtil em São Gonçalo do Amarante ao
mau momento vivido pelo setor no país. Enquanto a indústria de transformação
avançou 0,3% no ano passado, nacionalmente, a têxtil e de confecções recuou
14,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Só no Rio Grande do Norte, o setor demitiu quase 10 mil pessoas em 2011.
Segundo Josué, a unidade de São Gonçalo do Amarante, que
hoje emprega cerca de 2 mil pessoas, seria desativada para dar lugar ao
complexo mesmo que a produção estivesse em alta. Ele evitou falar em demissões,
mas confirmou que os galpões serão demolidos aos poucos. Parte das atividades e
dos empregados será transferida para a unidade em Macaíba, que será ampliada. A
Coteminas importará matéria-prima para manter a produção no mesmo patamar. Os
funcionários dispensados farão cursos - pagos pelo Grupo - no Sesc, Senac e
Senai - e trabalharão no complexo, de acordo com o executivo.
"A diferença é que antes quem trabalhava com têxtil e
confecções agora vai trabalhar na construção civil, no comércio, nos
serviços", ressaltou Gomes. Quem concluir o curso antes do início das
obras será encaminhado pelo Sistema S para outras empresas. Josué estima que
600 pessoas trabalhem atualmente no setor de fiação e tecelagem na fábrica de
São Gonçalo - primeiro setor a ser desativado. A governadora Rosalba Ciarlini
frisou que o investimento mostra o potencial da zona Norte. Durante a reunião,
ela também anunciou que o Governo Federal destinou R$ 73 milhões para construir
o acesso completo ao Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante e a
Zona de Processamento de Exportação (ZPE), em Macaíba.
Fonte: Tribuna do Norte
Reportagem: Andrielle Mendes
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