Brasília – Os fabricantes de televisores do país estão
negociando com o governo federal o adiamento da obrigatoriedade da inclusão do
Ginga, uma ferramenta que permite a interatividade na TV digital brasileira,
nos aparelhos produzidos no país. Nesta quarta-feira (1º), o presidente da
Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros),
Lourival Kiçula, esteve com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo,
pedindo que a medida só entre em vigor a partir de outubro.
Segundo o representante das empresas, os testes que estão
sendo realizados para avaliar o funcionamento do software só ficam prontos no
dia 30 de setembro, o que inviabiliza a inclusão do Ginga nos televisores antes
desse prazo. O programa, que é um software livre nacional, possibilita que o
telespectador consulte informações sobre a programação, faça compras e acesse
dados bancários pela televisão.
A proposta da indústria é incluir o Ginga a partir de
outubro em 10% dos televisores conectados, ou seja, nos aparelhos que já estão
preparados para receber o sinal digital. O percentual subiria para 50% no ano
que vem e para 95% em 2014, ano da Copa do Mundo.
O governo apresentou inicialmente uma proposta de incluir o
Ginga no Processo Produtivo Básico (PPB) para pelo menos 75% de todos os
televisores com tela de cristal líquido a partir deste ano, mas esse percentual
ainda está sendo debatido. A ideia do governo é que o software seja incluído
nos televisores a partir de junho.
Outro argumento das fabricantes de televisores para adiar a
inclusão do Ginga nos aparelhos é que o sinal digital ainda não está presente
em todos os municípios brasileiros. “Hoje 48% da população recebem sinal
digital. É inócuo fazer 100% [a inclusão do Ginga], cobrar um dinheiro a mais
de quem ainda não recebe o sinal”, diz Kiçula. Segundo ele, a inclusão do
software deverá encarecer em cerca de R$ 200 o preço dos aparelhos.
Kiçula disse que a associação não quer brigar com o governo,
mas, se a obrigação da implantação do Ginga for determinada antes de outubro,
poderá haver recurso na Justiça para que as empresas não sejam impedidas de
fabricar os televisores sem o software. “Se o sistema não estiver aprovado, não
poderemos fazer, e as empresas podem ser obrigadas a parar a produção porque
não estarão cumprindo o PPB”, disse.
Fonte: Agência Brasil
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